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Bolsonaro exonera diretor-geral da PF, Maurício Valeixo

Publicado em: 24/4/2020

por Glauber Guerra / Ailma Teixeira / Fernando Duarte

Foto: Reprodução / Palmas Aqui

Maurício Leite Valeixo não é mais diretor-geral da Polícia Federal (PF). A exoneração foi publicada nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União (DOU) e assinada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

 

No Diário Oficial, a justificativa para exoneração é de que foi um pedido do próprio Maurício Valeixo. Mas, na quinta (23), se repercutiu a notícia de que a troca no comando do órgão era um desejo do presidente, que quer ter um nome alinhado a ele à frente da PF. Vale ressaltar ainda que a assinatura de Moro no ato é protocolar e não representa, necessariamente, a anuência dele.

 

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, o incômodo do presidente com a corporação só aumentou com recentes inquéritos sobre um suposto esquema de fake news para atacar autoridades e as manifestações pró-golpe militar, que têm sido promovidas por grupos bolsonaristas.

 

No entanto, Valeixo é considerado um homem de confiança de Moro. Ele trabalhou como superintendente da PF na Lava Jato, quando o ministro era o juiz federal responsável pelos processos da operação na 13ª Vara Federal de Curitiba.

 

Por conta dessa iminente demissão, Moro avaliou deixar o cargo de ministro (leia mais aqui). De acordo com o blog de Cristiana Lôbo, no G1, na tarde de ontem, ele disse a Bolsonaro que se Valeixo saísse, sairia em seguida. Já a Folha de S. Paulo foi ainda mais além, confirmando o pedido de demissão. Mas outros ministros tentam convencer o ex-juiz a ficar e a condição dele no governo federal está sendo negociada.

 

Havia a expectativa de que Bolsonaro não tomasse nenhuma medida enquanto seus auxiliares trabalham pela permanência de Moro, porém, como a exoneração foi publicada, a situação do ministro ficou ainda mais indefinida.

 

RELAÇÃO COM BOLSONARO

Anunciado como um dos “superministros” a integrar a gestão, Sergio Moro viu seu poder sendo minado pelas ações do presidente Bolsonaro, que o desautoriza em diversas ocasiões. Por exemplo, em agosto do ano passado, o capitão demitiu Ricardo Saadi da superintendência da PF no Rio de Janeiro. Para a corporação, contrária à mudança, isso demonstrou a interferência do presidente no órgão, o que Bolsonaro confirmou ao reclamar que se não pudesse trocar o superintendente, trocaria o diretor-geral.

 

Na época, Valeixo ficou no cargo, mas Saadi saiu e o poder de Moro passou a ser ainda mais questionado. “Se eu trocar hoje, qual o problema? Está na lei que eu indico e não o Sergio Moro. E ponto final”, disse Bolsonaro na ocasião.

 

Mais recentemente, em meio à crise da Covid-19, a imprensa nacional expôs a insatisfação do presidente com o ministro, pois nos bastidores ele apoiou a postura do agora ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

 

Além disso, há o episódio da sanção do pacote anticrime, quando Bolsonaro atendeu poucas sugestões de veto feitas pelo Ministério da Justiça e, depois, sugeriu a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança Pública, reduzindo o poder de atuação de Moro (veja aqui e aqui).

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