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Lula assume coordenação política e vai cobrar fidelidade de partidos após sofrer derrotas no Congresso

Publicado em: 05/5/2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assumir as rédeas da coordenação política do governo após sofrer derrotas na Câmara. A partir da próxima semana, Lula chamará para conversas os presidentes e líderes do MDB, PSD, União Brasil e PSB e cobrará fidelidade nas votações. Juntos, os quatro partidos controlam 12 dos 37 ministérios e impuseram o primeiro revés de peso ao Palácio do Planalto contribuindo para derrubar trechos dos decretos do presidente que alteravam o marco do saneamento.

A cúpula do PT defende trocas de ministros, principalmente do União Brasil, que controla Comunicações, Turismo e Integração. O partido tem uma bancada de 48 deputados e todos votaram contra o governo. Agora, dirigentes do PT querem aproveitar o pedido de desfiliação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), para entregar a pasta a outro partido. Daniela quer ir para o Republicanos, mas a legenda – ligada à Igreja Universal – também ficou contra o Planalto no projeto de regulamentação das redes sociais, conhecido como PL das Fake News.

Em conversas reservadas, Lula disse que não pretende demitir ministros agora, mas quer saber o motivo das traições.

Ao participar nesta quinta-feira, 4, da plenária de abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável, no Itamaraty, o presidente provocou o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Ao lado do ministro, anfitrião daquele encontro, o presidente comentou as queixas sobre a falta de articulação política no Palácio do Planalto.

“Espero que ele tenha a capacidade de organizar, de articular, que teve no Conselho, dentro do Congresso Nacional. Aí vai facilitar muito a vida”, disse Lula. A plateia riu. Na prática, Lula se referia à desorganização da base aliada, apontada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

O Planalto começou a liberar nesta quarta-feira, 3, uma parte dos R$ 10 bilhões em emendas a deputados e senadores, além de cargos no segundo escalão, como os da Sudam e Sudene, conforme prometido para Lira. A verba é uma herança do antigo orçamento secreto e está hoje sob o guarda-chuva dos ministérios.

Mesmo assim, partidos da base aliada se posicionaram contra a orientação do Planalto na votação do marco do saneamento. O PSB, por exemplo, tem três ministérios – Justiça, Portos e Aeroportos e Indústria e Comércio – chefiado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, filiado à sigla. O MDB, por sua vez, controla Cidades, Transportes e Planejamento. Dos 32 deputados do partido, 31 votaram contra Lula. Já o PSD comanda Minas e Energia, Agricultura e Pesca e, dos 27 deputados presentes à sessão de quarta-feira, 20 foram infiéis ao governo.

 

Vera Rosa/Estadão

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