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‘Não se discute com ameaças. A gente não vai ceder’, diz Lula sobre acordo Mercosul

Publicado em: 20/7/2023

 

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta (19), em Bruxelas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o documento adicional que a União Europeia entregou em março sobre o acordo do Mercosul era agressivo e que “não vai ceder”.

Lula disse que enviará uma nova carta à UE em duas semanas e que está otimista com a resposta. O documento europeu previa sanções econômicas ao Brasil caso o país não cumprisse metas ambientais.

Falou também sobre as compras governamentais, outro motivo de imbróglio para o acordo. A Europa queria incluir no acordo que as empresas estrangeiras pudessem entrar em pé de igualdade com as nacionais nas licitações do governo brasileiro.

Lula descartou a ideia e disse que compras governamentais são “um instrumento de desenvolvimento interno” para pequenas e médias empresas e que, portanto, não pode abrir mão desse potencial.

A entrevista ocorreu após o fim da cúpula Celac-UE, evento que reúne chefes dos 33 países da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e 25 da União Europeia (UE) na capital da Bélgica.

Sobre a Venezuela, disse que as sanções impostas pelos EUA devem começar a cair após o governo e a oposição venezuelanos chegarem a acordo sobre as regras e datas para eleição presidencial em 2024. Confira abaixo os principais tópicos da entrevista de Lula.

ACORDO MERCOSUL
“A Europa tinha feito uma carta agressiva. Era uma carta que ameaçava com punição se a gente não cumprisse determinados requisitos ambientais. Tem que haver dois parceiros estratégicos, não discutir ameaças. A gente discute com propostas. Nós fizemos a resposta brasileira, que está sendo discutida com os quatro países do Mercosul, e depois, daqui a duas semanas, vamos entregar definitivamente a proposta para a União Europeia.”

“Nós não aceitamos a carta adicional da União Europeia. É impossível imaginar que, entre parceiros históricos como nós, alguém faça uma carta com ameaça. Achamos que a União Europeia vai concordar tranquilamente com a nossa resposta. Eu acho que a carta adicional da União Europeia foi possivelmente alguém achando que, fazendo pressão, a gente iria ceder. Não, a gente não vai ceder.”

“Pela primeira vez eu senti definitivamente a União Europeia interessada em voltar de verdade para a América Latina. Primeiro para a questão do clima. Segundo, para a questão energética. Ou seja, a parte do mundo que pode produzir o hidrogênio verde que a Europa precisa é exatamente a nossa querida América do Sul.”

COMPRAS GOVERNAMENTAIS

“É importante que as pessoas saibam a importância das compras governamentais. No caso do Mercosul, não temos interesse na possibilidade de não nos industrializar. Fazemos a exigência de reindustrialização para que a gente possa ser exportador de manufaturados, coisas com mais valor agregado, gerar empregos mais qualificados. É por isso que não abrimos mão das compras governamentais. As compras governamentais são um instrumento de desenvolvimento interno. Os Estados Unidos fazem isso, a Europa faz isso, a Alemanha faz isso e o Brasil tem o direito de fazer isso. É assim que a gente consegue incentivar o pequeno e médio empresário a sobreviver e a crescer.”

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