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Delegado que celebrou morte de Marielle é acusado de extorquir comerciantes e pode ser demitido

Publicado em: 30/10/2023

A Corregedoria da Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um procedimento administrativo disciplinar [PAD] contra o delegado Maurício Demétrio Alves. Ele é alvo de diferentes investigações, como no caso Marielle Franco e na extorsão a comerciantes.

Demétrio foi acusado pelo Ministério Público do Rio de vazar informações sigilosas da investigação envolvendo o assassinato da vereadora, causando eventual dano às diligências. O MP também descobriu que, um dia após a execução de Marielle, o delegado comemorou o homicídio em mensagens enviadas a outro policial via WhatsApp. As informações são da coluna de Paulo Cappelli do portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias.

Atualmente, Maurício Demétrio está preso acusado de chefiar uma quadrilha para extorquir comerciantes. Levando uma vida de milionário, o delegado foi denunciado e preso em 2021 por cobrar dinheiro de lojistas para fazer vista grossa à venda de mercadorias falsificadas.

O procedimento administrativo disciplinar foi aberto este mês pelo corregedor-geral da Polícia Civil do RJ, Gilberto Ribeiro, e pode culminar com a demissão de Demétrio dos quadros da corporação.

MENSAGEM INTERCEPTADA

Diálogos interceptados pelo Ministério Público mostram que, em 15 de março de 2018, um dia após a execução de Marielle Franco, Maurício Demétrio escreveu: “O enterro da vereadora será no Caju. Mas a comemoração alguém sabe onde será?”.

A mensagem foi dirigida ao também delegado Allan Turnowski, que respondeu Demétrio com emojis de risos. Turnowski chegou a chefiar a Polícia Civil antes de ser preso acusado de envolvimento com organizações criminosas.

COBRANÇA DE PROPINA

Maurício Demétrio é acusado de receber propina para permitir a venda de mercadorias falsificadas, sobretudo artigos de vestuário. O policial teve um pedido de habeas corpus negado pela Justiça do Rio de Janeiro em agosto deste ano.

Em março, o delegado foi novamente denunciado pelo Grupo de Ação Especializada e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

A acusação foi de obstrução da Justiça durante investigações sobre um esquema de propina na Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Imaterial (DRCPIM), que era comandada por ele.

Demétrio esteve envolvido em diversas polêmicas antes de ser preso. Ele chegou a forjar um flagrante contra o prefeito do Rio, Eduardo Paes, a pagar um detetive para seguir a própria amante e fingiu ser uma mulher em operação falsa.

DOSSIÊS

Como delegado, Maurício Demétrio também era conhecido por criar dossiês e acusações falsas contra desafetos dentro da Polícia Civil.

Em 2008, o delegado denunciou o ex-chefe da PC e deputado cassado Álvaro Lins por distribuir cargos em troca de conivência com o jogo em máquinas de caça-níqueis. No mesmo ano, deu entrada em um processo por danos morais contra o então governador Anthony Garotinho, depois de ser acusado de tentar extorquir empresários ligados do grupo Bayer.

Demétrio cumpre prisão preventiva no Complexo de Gericinó, em Bangu. O processo disciplinar aberto contra o delegado apura o descumprimento de condutas previstas no Estatuto dos Servidores Públicos do Rio de Janeiro (Decreto-Lei 220/75) e no Código de Ética da Polícia Civil (Decreto-Lei 218/75).

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